Li esse texto no blog "Mamãs, Bebés & Companhia" e achei muito interessante...
Ele foi retirado da revista Pais&Filhos...
Espero que gostem!!!
Ler um conto de fadas a uma criança é muito mais do que contar-lhe qualquer história.
É dar-lhe asas e respostas para a vida.
Não deixe o seu filho em terra.
É dar-lhe asas e respostas para a vida.
Não deixe o seu filho em terra.
Os contos de fadas oferecem respostas para todas as dúvidas existenciais e angústias da infância. Muitos psicanalistas, psicoterapeutas e especialistas em desenvolvimento infantil estudaram a forma como estes contos atuam nas crianças que os escutam.
Todos os problemas e ansiedades infantis, como a necessidade de amor, o medo do desamparo, da rejeição e da morte são colocados nos contos em lugares fora do tempo e do espaço, mas muito reais para as crianças, afirma o psicanalista Bruno Bettelheim no seu livro "Psicanálise dos Contos de Fadas". Ainda segundo este autor, estes contos são orientados para o futuro e guiam a criança na procura de uma existência mais independente. As personagens boas e más, sempre bem distintas, os obstáculos que enfrentam, os desfechos que não trazem finais felizes para todos, contribuem para a formação da personalidade, para o equilíbrio, para o bem-estar e contribuem também para a sabedoria e para a felicidade. Por isso são imprescindíveis às crianças. Hoje, são muitas as que não tem contato com os contos de fadas, pois é preciso crescer rápido, é preciso ser racional num mundo competitivo e, basicamente, porque o tempo parece não chegar. Mas há quem tenha sacudido o pó dos livros mais antigos e feito renascer a magia, e dando asas a imaginação dos pequenos.
O ritmo de desenvolvimento das crianças, segundo a pedagogia Waldorf, é sagrado e deve ser respeitado. Como defende Steiner (autor dos pressupostos teóricos em que se baseia a pedagogia Waldorf), os contos de fadas são incontornáveis a partir dos 3, 4 anos. Até essa idade, devemos nos apegar mais às histórias da natureza, menos elaboradas, com muito ritmo e lenga-lengas. Até os sete anos, os contos de fadas são muito importantes e é bom que as crianças tenham contato com eles até essa idade, pelo menos,mas de preferência até os 10.
Hoje, há muita tendência para apressar as crianças a crescer. Há pais e educadoras que dizem coisas como "Já és grandinho para essas histórias" ou "Essas histórias são para bebês". Isso é um erro enorme, alerta. Além da importância de crescer sem pressas e livre da competição, a pedagogia Waldorf sublinha o valor dos conteúdos dos contos de fadas, afirmando que eles são o tesouro mais precioso da Humanidade. É que estes contos falam de todas as verdades universais, falam-nos individualmente de cada assunto que nos preocupa em cada fase da vida, têm respostas para o que sentimos e podem ligar-nos ao nosso lado espiritual. Há respostas a nível de valores, de ética, de construção da personalidade, respostas que vão contribuir para a formação de um ser humano feliz, centrado e com consciência de si próprio. Os contos de fadas são um alimento para a vida.
A criança identifica-se sempre com um personagem da história, tal como pode associar outras pessoas importantes da sua vida a outros personagens. Para que essa identificação seja mais fácil, os personagens(fantoches), segundo a pedagogia Waldorf, não devem ter rosto. Assim, é mais fácil para a criança imaginar. Não se pode ler um conto de fadas com pressa ou cheio de stress. É preciso estar de alma e coração abertos e entregues. Caso contrário, é preferível ler outro tipo de história.
Há pais e educadores que caem na tentação de alterar a história. Põem a vovó dentro do armário, ao em vez assumir que foi comida pelo lobo, ou que a Gata Borralheira não tinha mãe porque ela foi trabalhar para fora. Ora, todos os especialistas são unânimes em afirmar que as crianças não devem ser poupadas da "violência" que existe nestes contos e, mais, que esta violência é estruturante. A vida não é só cor-de-rosa. A dor e a maldade fazem parte da vida e é bom que a criança se familiarizem com essa realidade. Quando se omite partes da história se priva a criança de elementos muito importantes.
A criança também tem o seu lado mau e se ela sentir que há nas histórias quem passe por esses processos, quem falhe, ela vai identificar-se e saber que pode redimir-se. Claro que tudo isto são processos inconscientes. E os especialistas também são unânimes quanto à necessidade de não ler a história com objetivos didáticos, sublinhando, no final, as "lições" que interessam aos pais passar. As crianças aprendem intuitivamente as mensagens relevantes. Aos pais basta-lhes estar disponíveis e acreditar no poder transformador da história. Viver feliz para sempre não tem de ser um exclusivo dos contos de fadas. A fantasia que se encontra nestas histórias contribui para que as crianças cresçam mais otimistas, sensíveis e confiantes. Afinal, acreditar que se pode viver feliz para sempre é determinante para que também a vida real tenha muitos finais felizes.
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